Lourdilene Souza

Blog pessoal

domingo, 26 de junho de 2016

Hamlet Mulher

2 comentários
Olá Pessoal !!

No finalzinho do ano passado, na realização de minha retrospectiva individual, observei que em muitos momentos fantásticos da vida, meu medo de falar em público, ou mesmo de ser observada têm me prejudicado um pouco. De posse dessa análise criei um plano de ação: "Vou me matricular em alguma escola de teatro ano que vem !". 
Então, no início deste ano procurei e me matriculei no teatro. Logo no primeiro dia de aula realizaram um verdadeiro espetáculo de humor, haviam dois personagens que eram apresentadoras de reality show. "No programa" devíamos nos apresentar imitando alguma coisa: sentimento, animal, profissional... o que fosse determinado na hora por uma das apresentadoras. Eu fui lá também (os colegas do meu lado insistiram para que eu fosse), eu toda nervosa fui lá, pensei "já tô aqui mesmo, bora lá". Ao final das apresentações houve até quem ganhasse um prêmio. 
As aulas seguintes foram mescladas com conteúdo, prática e alguns momentos para reflexão. Aprendi que tudo é cena. 
Ainda no início do Curso, a professora realizou uma atividade que me fez vir à tona muita emoção. Deveríamos levar para a aula algum objeto muito especial para cada um de nós. No dia dessa dinâmica, todos estavam com seus objetos com valor sentimental, e eu falsamente com meu caderninho nas mãos. Em roda, deveríamos contar para todos os demais colegas por que aquele objeto era especial. Houvi muitas histórias emocionantes, todos abriram o coração, falaram com total sinceridade, a emoção era aparente no semblante de quem narrava. Comovida pela sinceridade, deixei meu caderninho de lado, e contei que um objeto especial para mim era meu anel de formatura. Ele era da minha mãe que infelizmente faleceu sem me ver formada, aliás, era um grande sonho dela me ver formada. Sabe, pior do que fracassar no alcance de um sonho, é conquistá-lo sem ter a pessoa que sonhou junto com você do seu lado para comemorar. Fui contando minha história em meio a soluços, pausas longas quase sem fôlego, garganta doendo, lágrimas que teimavam em cair, até desabar e chorar de vez. Mas consegui finalizar. Quando consegui me restabelecer, me senti TOTALMENTE NUA em meio aquelas pessoas que mal conhecia. Fiquei preocupada com o que pensariam de mim, fiquei muito incomodada por haver exposto algo tão pessoal, e bastante arrependida depois. Mas depois que todos terminaram, um membro do grupo de teatro que auxilia nas aulas, disse algo nesse sentido "vocês não podem se importar com o que as pessoas vão pensar de vocês quando vocês expressam suas emoções, se elas pensarem mal ou julgarem, a culpa é delas próprias". Esse comentário e outros mais que os colegas fizeram, me deixou mais confortável. A professora vez ou outra menciona nas aulas "o ator não pode ter medo de ser ridículo". 
Durante as aulas me sento um tanto perdida, vi as apresentações dos meus colegas encenando muito bem e eu toda desajeitada. Em cenas tristes, eu consigo fazer as pessoas rirem. Aliás, me é muito desconfortável as pessoas rirem de mim quando esse não é o propósito. Mas apesar de todo esse desconforto, consigo me motivar à ir as aulas. Nos momentos de encenar, apesar da enorme vontade de sair correndo, tento sempre fazer o meu melhor. Claro que o meu melhor ainda é enormemente ruim, mas tenho consciência que estou em processo de aprendizado. 

No dia 15 de Junho de 2016, realizei minha primeira apresentação solo no Porão Cultural da UNIPOP. O título do meu monólogo foi "Hamlet Mulher". Adaptei o texto e o personagem da peça original de Shakespeare. Fiquei muito feliz e orgulhosa com o resultado do trabalho, apesar dos erros técnicos que até eu percebi na gravação, consegui notar minha evolução.  

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, ria, dance, chore e viva intensamente cada momento de sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” ― Charles Chaplin

Um abraço !!